domingo, 11 de maio de 2008

A mais bela das Artes.






" A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo - o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes".

Florence Nighthingale



12 de maio - Dia Internacional do Enfermeiro



Caríssimos,


Dedico este post à minha profissão. Gostaria que cada pessoa que aqui entrasse pudesse compartilhar um pouco do meu sentimento.


É difícil, colega enfermeiro. Enfrentar o preconceito, a jornada cansativa, a rotina, comparações outros profissionais, ouvir piadas acerca do nosso trabalho. Sei o quanto é desgastante, o quanto a população não faz nem idéia do muito que somos. É difícil também, dentro de nossa categoria, a falta de união, do andar de mãos dadas, do melhor para o todo. É difícil "arrumar a casa" em tão pouco tempo de existência dessa carreira tão densa e emocionante [200 anos, mais ou menos]. Mas deixo aqui minha única forma de atingir àqueles que não conheço e compartilham comigo da mesma integridade profissional, do mesmo objetivo: cuidar.


[Que fique claro primeiro que não tenho noção se vou chegar a algum enfermeiro através desse texto, mas deixo minha mensagem, de qualquer forma.]


Sem dúvida que o trabalho de salvar vidas é fundamental e imprescindível, e também é um grande dom. No entanto, defendo com muita força e energia o trabalho de CUIDAR. Você que nunca parou para pensar sobre isso, que seja então agora a primeira vez: o que seria o cuidar? É vasta a abordagem! Vamos ao que o dicionário nos diz: "cogitar, meditar; pensar; supor; refletir; interessar-se por; preocupar-se com; reparar; atentar; aplicar a atenção; trabalhar; ter-se por" Imagine você alguém deitado numa cama de hospital. O quanto isso lhe traz insegurança, medo e aflição. O quanto a doença lhe causa desespero. Ou imagine alguém que vai buscar qualquer ajuda num posto de saúde. Ou até mesmo a catástrofe da dengue pela qual minha cidade acabou de passar. O que seria de todas essas pessoas se não fosse o cuidado? E adivinha quem está ali ao lado, lutando por aquela vida, melhorando suas condições, orientando quanto ao melhor a ser feito, confortando, ouvindo, CUIDANDO? Oh, sim, os enfermeiros. Quem faz a vigília, quem apóia, dá resolutividade ao que for necessário, atua nas emergências, fazendo nascer um bebê, administrando as medicações, auscultando, percutindo, inspecionando, palpando? Oh! Mais uma vez! Os enfermeiros.


O mais emocionante de tudo, no entanto, está além da imaginação: fazer parte disso é algo incomparável. Estar no hospital, no posto de saúde, na cidade, na rua, em casa e fazer o necessário para dar aquilo que lhe é tão íntimo: o carinho, o toque terapêutico. Por isso, não concordo com a frase "de médico e louco, todo mundo tem um pouco". Digo melhor: "de enfermeiro e louco, todo mundo tem um pouco." Enfermeiro sim, pois é aquele que toca, que não tem medo de olhar nos olhos, sejam eles aflitos e em busca de paz ou olhos em paz que também desejam confortar os aflitos. Enfermeiro sim, que traduz pelas mãos atitudes e palavras que são grande parte do artefato divino.

Enfermeiro que também é doutor por Resolução do Conselho Federal, é doutor por estudo e reconhecimento, profissional de nível superior totalmente capacitado para atender a população. Para fazer partos, prescrever medicações quando assim permitido, salvar também vidas. Enfermeiro, sempre em busca do maior conhecimento [assim deve sempre ser], enfermeiro pesquisador, pediatra, gerontologista, cardiologista, obstetra, socorrista. Enfermeiro seja lá onde for.


É nisso em que acredito e luto todos os dias em que me levanto, pela dignidade, pelo respeito, pelo reconhecimento, seja dentro do Diretório Acadêmico, seja nos estágios, na sala de aula, em casa, e quando me perguntam o que exatamente eu faço e até onde eu posso ir. Que fique claro: a lei nos regulamenta e é a força maior, não nos permitindo receitar medicações, operar, e diversos outros pontos dentro da carreira da saúde, mas é de suma importância ressaltar que não é isso que queremos fazer: vamos além! Vamos ao outro, sem medo, sem impedimentos, estudamos tanto tempo para aprender a cuidar, a sermos melhores como pessoas e profissionais. E aí está meu orgulho: eu contribuo, assim como os colegas, com a melhoria do mundo! Como é gratificante estudar, não ter tempo, fazer jornadas de 12h de trabalho diárias, em escala de plantão, dia ou noite, sofrer preconceitos de todas as maneiras, ver mulheres diminuindo sua profissão tão digna através de roupas desrespeitosas, e mesmo assim lutar por um ideal como esse e saber o quanto eu [nós] contribuo [imos] com o mundo.


Eu sou estudante de Enfermagem, no final da faculdade, e me orgulho muito do que faço. Eu escolhi ser enfermeira, escolhi estar ao lado, escolhi ser o melhor que posso aos outros. Escolhi estudar para cuidar, e não pense você que esse estudo não é árduo porque ele é, ah, se ele é: é tão difícil que muitas vezes a vontade que dá é largar tudo e partir para algo fácil. Mas é uma missão. É uma escolha pessoal. É ser escolhido também. Então, que assim seja! Por isso, à minha profissão e aos meus colegas, estas palavras que vão com um grande sentimento de amor pelo que fazemos. A todos que lutam por isso e contribuem para uma Enfermagem melhor, para uma profissão respeitada e competente, que não está abaixo de nenhuma outra, e melhor dizendo, está ao lado. A todas as pessoas que cuidam e fazem do cuidar o maior instrumento de trabalho, sentimento humano para com o outro e visão de um lugar melhor para viver: parabéns, enfermeiros. Vocês merecem muito.


Ana Carolina Biavati.