domingo, 30 de abril de 2006

E ela tem razão quando vem dizer que eu preciso sim de todo o cuidado.



"O que me dói mesmo não é a ausência dos teus lábios. São as músicas que não posso te dedicar declaradamente, as palavras que passam sem sentido por mim. O que me dói não são os telefonemas que não te faço. São as coisas que não te digo e ficam guardadas num beijo. Não são as horas que passo pensando-te. São as horas que só passam quando não penso. Não são teus nomes lidos em outdoors, artigos e livros. São teus nomes encontrados entre as poesias que não (te) escrevo. São as palavras que não saem, doentes, ausentes de dons. São os passos errados, as pisadas em falso quando uma lágrima (rara) invade o centro da minha pupila. É a realidade que me toma por assombro quando abro os olhos contrários à luz. É ler um Leminski, um Carpinejar e tentar escrever-te nesses estilos. Não é não te ver ou não ouvir tua voz. É quando te vejo e tudo parece normal. É conviver com isso sem luta interna, sem choro ou poema meloso. É achar que esqueci e depois ver o quanto ainda me causas. Não é quando tocas a ponta do meu nariz. Mas quando ele espera ser tocado. Ou quando minhas bochechas se roseiam depois do seu apertão. É quando solta a minha mão e quando termina a música que estávamos cantando. É quando minha casa já sente saudade dos teus passos. Ou quando os filmes esperam nas estantes. É quando só um poema engole minha aflição. Quando não há rima. Quando toda minha existência não sabe nada da tua. Quando meu caminho não sabe do teu. Mas eu sigo."
Ana Carolina Biavati / fev. 2006
"Eu toda vez que vi você voltar
Eu pensei que fosse pra ficar
E, mais uma vez, falei que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração,
Não volte nunca mais pra mim."
[Do fundo do meu coração - Roberto Carlos.]


De quem já está muito cansada. E precisa de cuidados.

sexta-feira, 21 de abril de 2006

And the storm blows up in her eyes. She's running to stand still.


"When the soul wants, the soul waits"



"Assim que eu abrir de novo os meus olhos,
Meus pensamentos já não serão mais livres,
E minha alma, vencida,
Errará novamente pelas estradas abandonadas.
Neste instante, porém,
Tudo me aproxima de mim mesmo.
Há uma solidão imensa aqui dentro.
Há janelas abertas recebendo a noite.

Nunca me pertenci tanto como neste momento.

Nunca te pertenci tanto como neste momento."

Poema - Emílio Moura



A mim mesma... Não sinto solidão alguma. Mas eu e apenas eu posso decidir sobre a bifurcação no caminho. E ao mesmo tempo que quero ir, eu quero ficar. A mim, sem direção. E com todo o sentimento do mundo.



"Estás em tudo que penso,
Estás em quanto imagino."
Manuel Bandeira

Entre nós dois, que puseram?
O mar, o rio, a floresta?
Levantaram tanta pedra,
Levantaram tanto muro,
Gritaram tantas palavras...

Mas, de que foi que valeu?

Que foi que valeu tudo isso:
O mar, o rio, a floresta,
Tanto muro, tanta pedra,
E tantas, tantas palavras,
Se estás em tudo que penso,
Se estás em quanto imagino?"

Foi Inútil - Emílio Moura


Aqui dentro. Com uma única certeza. Ou uma única dúvida. "Ao coração que teima em bater". Ao coração que enxerga tudo.



Perdoe-me, amável leitor, pela falta de sentido desse post. Mas, antes de tudo, preciso deixar claro que a poesia não precisa ter sentido. Ela precisa ser sentida. E que assim seja. E toda essa metáfora talvez nem seja decifrada dessa vez. Mas funciona mais como um desentupimento... e não como entendimento. Perdoe-me novamente. Mas que te sirva de algo... Até.

domingo, 9 de abril de 2006

In a mysterious distance...





"One way in the eyes of a passerby, I look around for another try and fade away..."


Sem poética ou rimas, sem amores e sentimentos, meus olhos procuram novos caminhos. E acham. Meus olhos se perdem na densidade estranha e perfeita companheira [e sim, teus sinais me confundem da cabeça aos pés e teu olhar não me diz exato quem tu és. Mesmo assim. Eu te devoro.] Meus olhos buscam e encontram. Teus olhos chegam e são bem recebidos. A manhã já não é a mesma. Se é cinza o dia, pra mim, ele brilha. Se tem sol o dia, outros olhos conseguem irradiar mais luz. "E a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos..."


"No I could never take a chance/ Of losing love to find romance/ In the mysterious distance/ Between a man and a woman./ For love and sex and faith and fear/ And all the things that keep us here/ In the mysterious distance/ Between a man and a woman..."
A Man And A Woman - U2


Até...