quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Siga [sempre] em frente.


Hoje é um dia comum. Pela manhã, ao sair de casa, o dia claro bastou-me para que eu pensasse num dia normal, como todos os outros, onde o ônibus estaria cheio, o trânsito caótico, cansaço físico, saudade, preguiça de ir pra faculdade, essas coisas de sempre. Bem, a teoria do ônibus e do trânsito foi confirmada. Cada dia mais isso piora, impressionante; contribuindo diretamente para tornar o dia igual a qualquer outro. Todas as manhãs testo minha paciência com a falta de cuidado das pessoas, a falta de importância, o fingir que não está vendo o outro. Fora o trânsito que não anda, levar 1h20min pra chegar aonde se pretende, bolsa pesada, cansaço... normal, normal, normal.

Algumas vezes a paciência não dá conta e dá vontade de sair xingando tudo e todos. É #$*%! Isso tudo antes de começar as atividades diárias. Alguns dias temos preguiça, outros estamos mais calados, em outros queremos falar sem parar. A velha constância da vida. O velho cotidiano de sempre.

Eis que Deus, sabe-se lá de onde, te dá alguns avisos. Te coloca diante de situações que, rapidamente, tornam o dia incomum. Tive essa impressão hoje. E o estágio colabora demais com essa premissa.

Na maioria das vezes achamos tudo normal, que nossa vida é a mesma sempre, que tá tudo sempre bem, caminhando. No entanto, ao ver exemplos de superação constante, de pessoas com grandes problemas, muito maiores que os seus, brigando pela vida, fazendo com que cada dia seja "um após o outro", que cada dia seja um dia incomum, certamente que nossa estabilidade cotidiana é afetada.

Enquanto não nos preocupamos em abraçar um irmão, dizer bom-dia ao vizinho, deixar de lado uma mágoa ou tristeza, levantar a poeira, existem pessoas que se preocupam em fazerem seus dias mais coloridos, mais vivos. E é tão simples... Torna-se muitas vezes banal. É só ollhar a vida com outros olhos!

Mas como? Como nós, que achamos tudo normal, tudo comum, tudo rotineiro, podemos mudar nosso olhar?

Talvez devemos começar por acreditarmos que a vida é foda. Pq ela é mesmo! E só nos damos conta disso depois de um certo tempo. Por qual motivo, eu não sei. [Os jovens deveriam saber que não são imbatíveis.Porque não são mesmo. Ninguém é.]

Segundo, por percebermos que precisamos mudar as coisas, principalmente quando estão saturadas. E que ninguém pode fazer por nós mesmos. Ninguém.

Terceiro é o planejamento. Na vida de um enfermeiro, assim como de todos nós, o planejamento é fundamental. Sem ele, nada funciona. Então, tracemos as metas para uma vida melhor: caminhar pra mexer o esqueleto, sorrir mais, estudar mais[!!!], ouvir música, ler, dormir [!!!], abraçar mais, cantar, falar, essas coisas gratuitas, ao alcance de nossas mãos e que nos esquecemos na maioria das vezes.

Por último, finalmente, é agradecer. Agradecer por esse coração que bate o tempo todo, nos fornecendo vida, energia, para que possamos aproveitar até onde nos seja permitido. Agradecer por todas as coisas que nos acontecem, sejam elas boas ou não. Pelas pessoas ao nosso redor. Por tudo que nos é dado e que muitas vezes não damos importância. Agradecer pq nossa vida é única. E sermos humildes.

Bem, não sei porquê essas palavras me vieram à cabeça agora. Talvez seja pelo dia de sol lá fora...


"Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora."

Alberto Caeiro.

Um comentário:

Fernanda disse...

Ai, adoreeeei!
Lindo, lindo, lindo..
E, tudo é realmente verdade.
Só passamos a dar valor ao que temos (e vivemos), quando presenciamos quem lute mais do que nós...
Lutar por dias melhores é tão bom.
E vale a pena =D
Beijo, Carol!